sábado, 1 de novembro de 2008

Resenha crítica sobre o filme "Arquitetura da Destruição", de Peter Cohen

Grupo: Ingrid Bárbara, Larissa Sobral, Laiz Dias, Marcela Falcão e Tailane Marques
A partir de um vasto arsenal de imagens arquivadas, o documentário “Arquitetura da Destruição” (COHEN, Peter 1992) revela uma desconhecida face do nazismo: aquela que colocava a arte como elemento determinante da grandeza de uma época, de um regime e de um povo, para fins políticos e decisões do Estado, como ponto principal para definir o destino do Homem. O líder desse movimento, Adolf Hitler, era um apaixonado por expressões artísticas, sua obsessão pela arte, pelo ideal de beleza, pela perfeição, era estampada nos corpos e nos desfiles militares, exemplificando a articulação entre o ideal estético nazista e a perseguição aos judeus, porém não obteve muito sucesso como produtor artístico sendo considerando assim um artista e não um governante, basicamente um pintor frustrado que sonha em ser arquiteto. Sendo um adorador de Richard Wagner, ele começou a traçar seus primeiros planos para o futuro da Alemanha, dentre eles o de transformar a cidade Linz em um belíssimo centro cultural.
Para tanto, ele detinha uma profunda admiração pela antiguidade, pela estética perfeita das artes greco-romanas, a sua predileção pela arquitetura faraônica é exposta como fonte de inspiração para a formulação e desenvolvimento do regime e dos ideais nazistas (grande uso publicitário, embelezamento do mundo, criação de um novo homem). A fim de alcançar este objetivo Hitler não mediu esforços. Primeiramente, a arte passou a ter critérios raciais de produção e apreciação, pois para ser considerada arte não bastava ser criada dentro da Alemanha, mas também ser obra de alemães. Foram inaugurados espaços como os museus, por exemplo, reunindo variadas formas artísticas, materializando anseios sociais do ser humano. Portanto, o museu é gerador de tendências, mudanças e ideologias, visto que “o grande líder” tinha aversão às artes modernas como o cubismo, o dadaísmo, considerando-as de mau gosto, degeneradas, semelhantes às deformações das pessoas deficientes físicas e mentais.
Essa classe de pessoas também sofreu forte perseguição e eliminação assim como os judeus. Tudo isso se revelava parte do processo de purificação, não só da raça, mas de toda a cultura alemã, mostrando o processo de extermínio, sobre a construção e a queda do nazismo para sustentar a tese da sua inspiração estética. Para tanto, a dizimação étnica, confiscos, eutanásia e eliminações por envenenamento foram meios utilizados com finalidade de banir o que Hitler e seus seguidores consideravam uma ameaça contra a saúde do “corpo do povo”. Ele fez da arte (arquitetura, cinema e artes plásticas) assim, ferramenta que serviria para reforçar o orgulho de ser ariano. Manifesta-se aqui a interface entre a arte e a ciência, com o aparecimento do papel dos médicos nazistas que, por sua vez, não exerciam papel fundamental de preservação à vida e sim, da estética, a eles cabia o trabalho de eliminar as raças que impediriam a higienização tão sonhada por Adolf. Criou-se para facilitar essa dizimação, um programa de assassinatos por gás letal, o Programa T4, um verdadeiro instrumento para o “embelezamento”.
Aprofundava-se, portanto no mundo, o ideal da estetização, possuidor de raízes ainda hoje no mundo contemporâneo. Um exemplo disso pode ser observado com o movimento neonazista, que age sobre a égide dos princípios do eterno Führer alemão, Adolf Hitler.
“Também não foi um projeto de um homem só ou de meia dúzia de homens, contou com o apoio da população alemã; a prova disso é que, ao contrário do que diz o narrador, não "perdeu completamente o seu ímpeto", continua existindo em consistentes movimentos neonazistas.”



quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Contraponto crítico entre os textos da Folha de São Paulo e o de Carlo Ginzburg - Ticiano, Ovídio e Os Códigos da Figuração Erótica no séc. XVI.

Por: Ingrid Bárbara


O erotismo desde sempre foi motivo de grande repercussão, ao analisarmos séculos passados veremos episódios marcados por essa questão. No século XVI com as obras de Ticiano tivemos esse exemplo, onde o erotismo era visto como algo nefasto, que provocava fantasias e desejos pecaminosos, tornando-se motivo de preocupação para a igreja católica devido à repercussão e intencionalidade de tais obras.
Alguns séculos se passaram, estamos em pleno século XXI e ainda presenciamos cenas que nos remetem há esses tempos onde a censura era imposta veementemente. Na contemporaneidade, a palavra “democracia” é tida como uma verdade, entretanto, na prática não é isso o que vemos.
Os exemplos estão a nossa frente, temos o caso do professor Oswaldo Martins Teixeira que foi demitido de uma escola no Rio de Janeiro porque pais de alunos descobriram que ele escrevia poemas eróticos, afirmando que isso não é tarefa para um professor de seus filhos. É lamentável, que após passarmos por um período de ditadura ainda encontremos posturas como essa. E mais triste é saber que esse não é um fato isolado, vivemos mais do que nunca numa ditadura disfarçada.
Concordo com a crítica, mas não com a censura. Todos têm o direito de gostar ou não, porém não podemos proibir tudo o que não nos agrada. As formas de comunicação e tecnologias avançam e as mentalidades encolhem? É um absurdo! Parece que estamos retrocedendo. Expresso incredulidade perante este ato de incoerência da instituição que, no meu ver compromete a sua reputação e credibilidade, logo ela que funciona sob o lema 'Uma escola que estimula a expansão cultural'. Tal atitude não seria um paradoxo? Mexer com a temática sexual sempre causa frisson e apesar de todas as mudanças ocorridas, a censura ainda existe, funcionando como uma tentativa incisiva de manter sob controle a sociedade e a circulação de informações. E por mais antidemocrática que possa ser, infelizmente, é uma realidade.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Contraponto crítico entre os textos da Folha de São Paulo e o de Carlo Ginzburg - Ticiano, Ovídio e Os Códigos da Figuração Erótica no séc. XVI.

Por: Larissa Sobral



A notícia que saiu recentemente na Folha de São Paulo que nos faz refletir sobre a noção de liberdade de expressão é de causar surpresa, o professor Oswaldo Martins Teixeira que ensinava em uma escola particular do Rio de Janeiro foi demitido por publicar em seu blog poemas eróticos, a escola foi pressionada por pais de alunos que descobriram essas publicações, o professor-poeta que estuda o erotismo há algum tempo foi vítima de uma arbitrariedade. O fato ocorrido no início do mês de setembro vem reacender uma questão tão antiga quanto a literatura, a natureza do erotismo. É lamentável perceber que mesmo após o período da ditadura, ainda encontramos atitudes como essas, ou seja, vivemos hoje numa ditadura camuflada. Podemos relacionar essa questão ao texto de Carlos Ginzburg “Ticiano, Ovídio e os códigos da figuração erótica no século XVI” que trata basicamente do erotismo imagético, o erotismo como transgressão, libertação do qual o homem se aproveita para exprimir suas fantasias, que quase sempre foi motivo de preocupação em alguns segmentos sociais. Assim como Teixeira (nesta situação), naquela época Ticiano era visto como vulgar por causa de suas obras eróticas e era contestado principalmente pelo poderio da igreja católica, aquele período comparando aos dias atuais era mais fácil de controlar, pois o século XVI não tinha a infinita possibilidade de divulgação existente na contemporaneidade através de diversos sites da internet, TV, rádio, revistas, jornais, entre outros, o erotismo está acessível para qualquer pessoa a todo o momento, seja ele disfarçadamente ou explícito. Este episódio nos faz ver a força do mundo capitalista, no qual a escola preferiu atender as objeções de um grupo de pais do que defender seu próprio lema “Uma escola que estimula a expansão cultural”.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Contraponto crítico entre os textos da Folha de São Paulo e o de Carlo Ginzburg - Ticiano, Ovídio e Os Códigos da Figuração Erótica no séc. XVI.

Por : LAIZ DIAS

Na atualidade, vivemos em um contexto social que aparentemente os princípios liberais são elevados como grandes companheiros da nossa sociedade. Aparentemente, pois no cotidiano vemos noticiários que esbarram de encontro com essa questão. Recentemente, saiu uma notícia polêmica sobre a demissão de um professor–poeta de um colégio secundário particular da zona sul (RJ), por ter publicado, no seu blog, um conjunto de poemas eróticos. A medida foi tomada pela instituição ante a reclamação de pais de alunos, que acharam que escrever poemas eróticos não é tarefa para um professor de seus filhos.
Ora, como essa questão pode ser cabível para uma sociedade que se diz liberal? Para um colégio que se diz que funciona sob o lema "Uma escola que estimula a expansão cultural"? Todo esse aspecto nos remete ao século XVI, momento histórico em que ocorreu uma erupção dos poemas e pinturas eróticas (obras de Ticiano, Rafael Sanzio, Aretino, entre outros). As repercussões polêmicas e de proibição que tais obras exercidas naquela sociedade eram fomentadas pela Igreja que obtinham o controle sobre a vida social, promovendo a censura.
Nos dias atuais, vemos que obras como essas do século XVI e XVII, na nossa visão não possuem tanto esse aspecto erótico, e sim é visto como algo clássico e histórico. O professor demitido criou poemas à moda de Aretino, como qualquer artista autônomo em uma dita sociedade “liberal”, recém-saída de uma ditadura, poderia fazer sem repressão. Porém, não foi isso que aconteceu, como vimos resultou em demissão. O ocorrido soa estranho na nossa sociedade brasileira, que por sinal é um Estado laico. E enquanto aos pais, se querem realmente proteger os filhos de conteúdos obscenos vão ter que colocar vendas nos olhos e tampões nos ouvidos dos seus descendentes, pois o convívio com erotismo na sociedade atual torna-se impossível o desvinculo, ele está em toda a parte TV, rádios, livros, revistas, conversas, filmes, e por aí vai.

domingo, 12 de outubro de 2008

Contraponto crítico entre os textos da Folha de São Paulo e o de Carlo Ginzburg - Ticiano, Ovídio e Os Códigos da Figuração Erótica no séc. XVI.

Por Tailane Marques




A representação do erotismo através de imagens tornou-se discussão na Igreja Católica no século XVI, por achar que tais representações trariam algum tipo de influência negativa aos fiéis. No seu texto, Carlo Ginzburg nos deixa a par da relação erotismo e imagem repercutida naquele século, citando as obras de Ticiano. Com certeza Ticiano viveu a censura com relação as suas imagens, mas o que diria ele ao saber que 5 séculos mais tarde, o professor de literatura Oswaldo Martins Teixeira foi demitido da escola onde lecionava, por escrever poemas eróticos? Com certeza Ticiano se mostraria espantado por tal ato em pleno século XXI. Isso aconteceu depois que os pais dos alunos tiveram conhecimento da natureza dos poemas e exigiram que a escola tomasse uma atitude, o resultado foi a demissão do professor.
Em plena atualidade, onde a sociedade dispõe de vários meios comunicacionais de informação, temos um atraso ao nos depararmos com casos como este. Este fato nos retrocede ao século XVI, e nos mostra que a imposição da censura precisa ser repensada.
Sinto por estes pais ao estupidamente “pensarem” dessa forma, achando que o afastamento do professor livra seus filhos dessa indecência que eles tanto temem. Mal sabem eles o que seus filhos fazem por aí em más companhias. O afastamento do professor não irá impedir o envolvimento de seus filhos com o meio sexual, cada vez mais jovens se tornam pais cedo e creio que não seja por culpa de poemas eróticos, “e nem de minhas imagens”, diria Ticiano.

Contraponto crítico entre os textos da Folha de São Paulo e o de Carlo Ginzburg - Ticiano, Ovídio e Os Códigos da Figuração Erótica no séc. XVI.

Por Marcela Falcão

Não estamos mais no século XVI, quando a Igreja Católica detinha o poder de impor valores morais a sociedade, através da seleção tendenciosa de imagens, entretanto percebemos que os resquícios dos desmandos sobre as imagens continuam latentes atualmente. Aqui se subscreve um problema perturbador: até quando viveremos sob a égide da censura velada e de uma moral desvirtuada? O caso do professor Oswaldo Teixeira serve como referencial desta discussão que encontra raízes fincadas na definição de sentido que são criadas para as imagens eróticas, no comportamento humano diante da exposição de seus mais íntimos segredos por artistas como Ticiano, Giulio Romano, etc. O erotismo assume diversas cargas eróticas ao longo do tempo, mas não perde o poder de influenciar no psicológico humano, de causar pavor em uns e encantamento em outros. Não era de se esperar que em pleno século XXI, diante do processo de reciclagem porque passa a sociedade, o século da informação, da ascensão de processos comunicacionais mais eficaz, nos deparássemos com as contradições de um sistema gerenciador da uma censura intelectual, agonizando com a perda de valores, como o artístico, e que não se preocupa mais com vulgarizações nas formas, ou com as classes que serão atingidas por certas imagens banais (eróticas) como a quatro séculos atrás, e sim com a formação de alienados sociais, que não sabem distinguir mediocridade de erotismo, que demitem profissionais pelo simples fato da sua arte não atender a restrição intelectual de seus mundos digitalizados. A democracia e a modernidade revelam assim seus novos bandidos sociais.

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Comentário do texto “TICIANO, OVÍDIO E OS CÓDIGOS DA FIGURAÇÃO ERÓTICA NO SÉCULO XVI” de Carlo Ginzburg // Por Laiz Dias

O texto de Carlos Ginzburg, basea-se nas obras de Ticiano e sua influência sobre as Metamorfoses de Ovídio, abordando a questão da figuração erótica no século XVI,e sua relação com a sociedade e ideologia da época. Esculturas, quadros e outras obras que possuíam imagens de mulheres com partes ou todo o corpo a amostra, normalmente imagens mitológicas clássicas, foram consideradas nesse contexto histórico como imagens eróticas. Nesse sentido, o autor ressalta que a Igreja temia essas imagens por propor de modo deliberado excitar sexualmente o espectador-fruidor. Mas por trás dessa questão há toda uma ideologia. De um lado, era uma tentativa de controlar a vida sexual de modo cuidadoso. Por outro, era um propósito de servir-se das imagens para restabelecer uma relação com as massas dos fiéis, pois seria uma reação contra a quebra de hegemonia que as imagens sacras sofreram ( Antes a imagem encontrou-se em uma fase em que era focalizada como uma questão somente religiosa – Era dos ídolos). Nos dias atuais, essas imagens apenas nos servem para estudos históricos, já que o erotismo é visto em outro aspecto.


Aqui em baixo segue algumas dessas imagens do século XVI:

O Nascimento de Vênus - Sandro Botticelli


Santa Maria Madalena (Madalena penitente) - 1530-1535


Retrato de Mulher Nua, de Rafael Sanzio (1518-1520)

Comentário do texto “Ticiano, Ovídio e os códigos da figuração erótica no século XVI” de Carlo Ginzburg.

Por Marcela Falcão

Analisando o texto do Carlo Ginzburg podemos mais uma vez perceber o quanto à história das imagens está ligada à vida religiosa de um povo e a sua dispersão aos meios de comunicação da época (neste caso à imprensa) que divulgava as imagens fomentando diferentes interpretações. No século XVI a questão de erotismo era bastante questionada pelo poder que a Igreja Católica exercia sobre o povo, este dividido entre dois círculos icônicos: o privado (elevado) e o público (rebaixado), de dominação dos seus desejos e pensamentos. As imagens eram, portanto, motivo de preocupação (muitas vezes velada), pois estariam divulgando idéias contrárias à religião, despertando em seus expectadores, através do sentido da visão e não mais da audição, fantasias e desejos tidos como pecaminosos. O poeta Ticiano e suas obras foram analisados sob esta ótica do pensamento, sendo tido como vulgar em relação às imitações que fazia com seus quadros, por não conhecer a fundo a cultura, os objetos e as formas que tentava reproduzir e por ter sua fantasia alimentada por cargas eróticas tidas como banais.

Imagens selecionadas:

Vênus - Ticiano


Amante - Giulio Romano

Diana e Actéon - Ticiano

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Comentário do texto “TICIANO, OVÍDIO E OS CÓDIGOS DA FIGURAÇÃO ERÓTICA NO SÉCULO XVI” de Carlo Ginzburg // Por Larissa Sobral

Vênus de Urbino - Ticiano

O texto de Carlo Ginzburg se baseia nas obras de Ticiano e mais precisamente nas vulgarizações das metamorfoses em Ovídio do século XVI, fazendo transparecer nesse contexto a ligação das imagens com o meio social (e religioso) e seus acontecimentos. O autor inicia o texto com uma passagem do Eunuco de Terêncio e uma breve concepção sobre a imagem erótica, que por meio de códigos proporciona uma excitação sexual para o espectador-fruidor assumindo variadas formas através dos processos psicológicos, envolvendo também opiniões de pensadores como, por exemplo, a de santo Agostinho. O texto faz referência à intencionalidade das imagens eróticas, que durante o século XVI preocupou a ordem católica desencadeando uma série de questões naquela época, dentre elas as objeções da contra-reforma e a semelhança da arte com o verdadeiro (mas sabe-se que as vulgarizações do século XVI, não passavam nem perto das traduções iconográficas fiéis). Entretanto toda essa discussão envolveu as classes públicas e privada e a difusão da imprensa que facilitou na divulgação das páginas impressas e das imagens (que no caso das eróticas), despertavam nos leitores anônimos as mais diversas fantasias.


Bacanal - Ticiano


Danae - Ticiano


"Resgatando Andrômeda" - Ticiano

domingo, 28 de setembro de 2008

Comentário do texto " Ticiano , Ovídio e os códigos da figuração erótica no século XVI " de Carlos Ginzburg // Por Ingrid Bárbara

O texto tem por objetivo discutir os efeitos que as pinturas eróticas desempenhavam no século XVI. O autor Carlo Ginzburg, exemplifica conclusões de estudiosos acerca das obras mitológicas de Ticiano, discutindo se é lícito ou não defini-las como “intencionalmente eróticos”.
A imagem sempre foi objeto de atenção devid
o a seu fortíssimo poder de persuasão sobre os indivíduos. A atuação de tais imagens, nesse contexto, assume formas diversas conforme a relação entre a realidade da qual participa o espectador– fruidor e a realidade representada na imagem erótica.
Devido a tais repercussões e a consciência da
eficiência das imagens, essa questão tornou-se motivo de preocupação para a igreja católica, pois consciente de tal eficácia, ela queria servi-se delas para restabelecer uma relação com as massas compostas em sua maioria por iletrados.E assim, o autor vai tecendo o texto expondo ‘leituras’ e argumentos, para que ocorra o entendimento e reflexão sobre esse tema tão enigmático.

Venus and Cupid Whit A Partridge (Ticiano , 1550)


"Leda e o Cisne", de Leonardo Da vinci


"O Rapto de Europa", Ticiano (1532)

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Comentário do texto " TICIANO, OVÍDIO E OS CÓDIGOS DA FIGURAÇÃO ERÓTICA NO SÉCULO XVI " de Carlo Ginzburg // Por Tailane Marques

O texto trata da repercussão das imagens eróticas no século XVI. Alguns, como santo Agostinho, consideravam nefasto o ato de representar o nu erótico através das imagens sacras, e outros como o teólogo Politi, não tinham preconceito com a utilização das imagens, seja qual fosse sua representação. Politi dizia que as imagens sacras e as imagens eróticas tinham um ponto comum: a eficácia. A primeira estimulava a piedade religiosa e a segunda, o apetite sexual.
Sempre representadas por mulheres, as imagens eróticas eram dirigidas ao público masculino que identificava nessas representações, suas parceiras para uma imaginária relação sexual.
Antes tais imagens eram privadas às classes altas, mas depois se tornaram públicas entre as classes baixas que passou a ter acesso aos livros e consequentemente às imagens. Logo, as imagens ilustrativas das vulgarizações das Metamorfoses de Ovídio, citadas no texto, ganharam repercussão. O texto enumera uma série de problemas em torno dessa questão das imagens eróticas e faz citações da relação de Ticiano e Ovídio, da forma como Ticiano compreendia e interpretava os textos ovidianos, usando o nu nas suas representações.


Abaixo a representação do texto "Metamorfoses" de Ovídio, feita por Ticiano, de Júpiter como chuva de ouro descendo até o leito de Danae:


Outras ilustrações de Ticiano:


"Diana e Actéon"



"Júpiter e Antíope"

"Vênus e Cupidos"



segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Fichamento do texto "As três idades do olhar", de Régis Debray

Um panorama geral
- Para um melhor entendimento, o Curso de Midiologia dividiu a trajetória da imagem, a partir da evolução da suas técnicas de transmissão em três midiosferas: a logosfera, grafosfera e a videosfera.
- A logosfera corresponde a era dos ídolos no sentido lato (do grego lídolo,imagem). Este período estende-se da invenção da escrita à da imprensa. A grafosfera, a era da arte. Sua época estende-se da imprensa à TV a cores. A videosfera, era do visual. É precisamente a época em que vivemos.
- Nenhuma midasfera exclui a outra e com elas se sobrepõem e se imbricam uma na outra. Cada uma dessas eras descreve um meio de vida e de pensamento, um ecossistema da visão.
- O ídolo é a imagem de um tempo imóvel, síncope de eternidade, corte vertical vernacular, enraizado em um solo étnico. Tem como língua materna o grego.
- A arte é lenta, mas mostra já figuras em movimento. A arte é ocidental, camponesa embora circuladora e feita para as viagens. Tem como língua materna o italiano. Já nosso visual está em rotação constante, puro ritmo, obcecado pela rapidez. O visual é mundial, concebido desde a fabricação para uma difusão planetária. Tem como língua materna o americano.
- A longa trajetória da imagem indica uma tendência para baixar o rendimento energético. Em termos de mensalidade coletiva, a seqüência “ídolo” garante a transição do mágico para o religioso. A “arte” garante a transição do teológico para o histórico ou, se preferimos do divino para o humano como centro de referência. O “visual”, de pessoa em sua individualidade para o mundo circundante global, ou ainda ser para o meio,
- Na era 1, o ídolo não é uma questão estética, mas religiosa, com implicações diretamente políticas. Questão de crença. Na era 2, a arte conquista sua autonomia em relação à religião, embora continuando subordinada ao poder político. Questão de gosto. Na era 3, a esfera econômica decide sozinha a respeito não só do valor, mas também da distribuição das imagens.
Índice, ícone e símbolo
- A sucessão das “eras” coincide com a classificação estabelecida pelo lógico americano Peirce entre o índice, o ícone e o símbolo na respectiva relação com o objeto.
- Índice: fragmento ou contigüidade do objeto, parte ou tomada de um todo. Ex: fêmur de um santo em uma urna; Ícone: assemelha-se a coisa, mas não é a coisa. Motivado por uma identidade ou forma. Ex: retrato do santo; Símbolo: sem qualquer relação analógica com a coisa, arbitrário apenas no que diz respeito a ela. Decifra-se com ajuda de um código. Ex: vocabulário “azul” que diz respeito à cor azul.
- Ícone como índice. Ex: ícone ortodoxo é indicial em virtude de suas propriedades miraculosas ou taumatúrgicas.
- Imagem-índice: fascina, quer ser tocada, tem valor mágico. Imagem-ícone: inspira somente prazer, tem valor artístico. Imagem-símbolo: requer distanciamento, tem valor sociológico.
- Regime “ídolo”: o além do visível é sua norma e razão do ser. A imagem, que lhe fica devendo toda a sua áurea, rende glória àquilo que a supera. Regime “arte”: o além da representação é o mundo natural; a cada um sua aura, a gloria é compartilhada. Regime “visual”: a imagem torna-se seu próprio referente. Toda glória é para ela.
- A “arte” greco-romana faz passar do índice para o ícone. A arte moderna, do ícone para o símbolo. Na era do “visual”, o círculo da arte contemporânea se inverte e retorna do tudo simbólico a uma busca desesperada do índice.
O começo da escrita
- Até a emergência dos primeiros processos de notação linear dos sons, a imagem ocupou o lugar da escrita. Tratava-se de um simbolismo, ao mesmo tempo, cósmico e intelectual, altamente ritualizado, sem dúvida combinado com proferições verbais. Articulações de sons e desenhos de traços feitos pelos sapiens, não se tratam mais de sinais, mas sim de signos.
- A imagem é a mãe do signo, mas o nascimento do signo da escrita permite à imagem viver plenamente sua vida de adulto, separada da palavra e alijada de suas tarefas triviais de comunicação.
- Nas civilizações orais, as imagens preenchem a função de signos. Como testemunho, temos a cultura pré-colombiana do México, praticamente desprovida de escrita, onde as significações e comunicações se faziam pela imagem (servindo o códex ou pictogramas como suportes de recitações orais).
- Como figura de identidade o ídolo é conservador, tem receio da inovação e se torna conformistas pelos constrangimentos de eficácia. O fabricante de ídolos é um não “criativo”, um produtor sem mercado onde o cliente é quem manda e em que a pressão social interiorizada substitui o desejo inconsciente.
A era dos ídolos
- O ícone não é um retrato semelhante ao modelo, mas uma imagem divina, teofânica e litúrgica, que não tem valor por sua forma visível peculiar, mas pelo caráter deificante de sua visão, isto é, pelo seu efeito.
- Historicamente, o ídolo, no sentido estritamente grego, designa “o pedestal cilíndrico ou tetragonal”, ou a estátua pré-helênica anterior à estátua dita dedálica.
- Esta encurta (de -30.000 a 3.000) o período mágico-religioso do ídolo às culturas propriamente históricas de que se conserva uma documentação escrita: Alto Império egípcio e primeiras dinastias mesopotâmicas.
- Os ídolos tinham o tom e o brilho da carne porque todos eles eram seres atuantes e falantes.
- Após o avanço considerável do codex sobre o volumen, as práticas de leitura e a cultura textual também não conhecem mudança significativa entre a Baixa Antiguidade e o princípio da Renascença.
- O eídolon policromo e politeísta está mais voltado para o visível e seus esplendores; o eikón bizantino, menos deslumbrante e mais severo, olha para o interior. Pode-se e devem-se opor esses dois tipos de investimento do visível pelo invisível, dois modos de presença incompatíveis da divindade em sua figuração.
- Os padres da igreja basearam-se nesta distinção entre presença imediata e representação midiatizada para declarar verdadeiras guerras de extermínio contra os idólatras.
- A diferença entre o ícone permitido e o ídolo proibido não se refere à imagem, mas ao culto que lhe é prestado.
- Na Antiguidade, ela caía do céu. Para a Cristandade, vem das origens. É a Sagrada Face de Leon, o Saint Mandylion de Edessa, como mais tarde, o santuário de Turim. Ponto comum: a marca viva do Deus vivo, excluindo todo trabalho artístico.
- No regime “ídolo”, a prática da imagem não é contemplativa e a percepção não constitui um critério. O poder da imagem não está em sua visão, mas em sua presença.
- Os dois períodos aparentam-se no seguinte: a imagem visível é diretamente referida ao invisível e só tem valor como intermediário. Da mesma forma que, na Cidade dos dois gládios, o espiritual leva vantagem sobre o temporal, assim também na Cidade dos ídolos, a carne da imagem conta menos do que o Verbo que a habita.
- O critério que leva a reunir os dois períodos em uma era única: uma imagem de arte “faz efeito” por metáfora. Um ídolo tem efeito realmente e por natureza.
- Em seu período propriamente cristão, a era do ídolo conduz-nos de Ravena a Sienna. Está organizada segundo o modelo bizantino, refletindo assim a hegemonia do cristianismo oriental sobre seu completo ocidental.
A era da arte
- A arte é realmente um produto da liberdade humana.
- A liberdade que é comprovada pela arte não é a de uma intenção relativamente a um instinto. Mas a da criatura para com o Criador.
- O “artístico” advém quando a obra encontra em si mesma sua razão de ser. Quando o prazer (estético) já não é tributário da encomenda (religiosa).
- O critério é a individualidade assumida, atuante e falante. Não a griffe ou rubrica, mas a tomada da palavra.
- No extremo limite, pode não fazer nada com as mãos – como é o caso, hoje em dia, dos “artistas da comunicação” - contanto que diga e escreva: “Eis como vejo o mundo”.
- O advento da arte é assinalado pela produção de um território, indissoluvelmente ideal e físico, cívico e citadino. Nasce FDA reunião de um lugar com um discurso.
- A respeitabilidade é a domiciliação, além da explicação. O espaço faz a lei: a cinemateca fez o cinéfilo.
A estetização / Conclusão
- A estetização das imagens inicia no século XV e termina no XIX;
- “Museu” é o termo das Musas – Mas já vimos que, na Grécia, não havia Musas para o que chamamos “ artes plásticas”;
- A passagem do ídolo para a obra é paralela à passagem do manuscrito para o impresso, entre o século XV e XVI. O Iconoclasmo Calvinista desenvolve-se na seqüência da invenção de Gutenberg e representa a segunda querela das Imagens do ocidente cristão;
- Do ícone ao quadro, a imagem muda se signo. Ao invéz de aparição, torna-se aparência;
- Aparentemente, a imagem nunca esteve tão bem como na renascença; encontra-se em toda a parte; nas igrejas, nos palácios e até mesmo na rua, “transferindo para o domicílio a autoridade das formas plásticas”;
- A imagem humanista emancipa-se do culto, produz sua própria cultura. Passa do sacral para o laico, do comunitário para o particular; embora esteja ainda afincado pela revelação primitiva, seu valor deixa de estar indexado à escala dos poderes divinos;
- A xilografia prosperava nos fins de uma idade média que tem a paixão das imagens piedosas para memorizar os sermões dos frades, ilustrar a bíblia manuscrita, ensinar litanias e preces;
- Um livro circula, exporta-se, compra-se muito mais fácil do que um quadro: é um veículo de influências, um acelerador de empréstimos, um mediador de estilos; O vírus visual circulou desta forma e não se pode opor a cultura do impresso à cultura da imagem: as duas, no princípio, reforçaram-se uma a outra;
- O espaço unitário da renascença unificou o mundo real. Introduzindo pelo conceito de infinito, que comanda o de contínuo, acabou, de fato, quebrando os universos e compartimentos, qualitativos e fragmentados que regiam até aí a representação;
- A invenção da metafísica dos pólos do universo foi, antes de tudo, um fato ótico; além disso, a revolução do olhar, como sempre, precedeu as revoluções científicas e políticas do ocidente;
- A obra de arte sai do espírito do artista que vai destiná-la a um conhecedor. Com efeito, o artista nasce ao mesmo tempo em que o autor, criação tardia e tipográfica dá página, do rosto do livro impresso. Na expectativa da noção de propriedade, a de personalidade e artística decorre das novas práticas de apropriação dos “produtos do espírito”;
- Passou-se da imagem para a arte quando o pintor deixa de executar encomendas e programas, como um artesão, e quando o valor de seu trabalho já não depende dos materiais que emprega;
- O promotor das operações estéticas de uma época regula a natureza das obras produzidas, nem que fosse pela hierarquização, outrora, do valor relativo dos gêneros.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

"A Imagem" de Octavio Paz // Por Ingrid Bárbara

Octavio Paz enfatiza o conceito de imagem salientando o valor polissêmico que possui e o poder que ela tem de transpor barreiras entre realidades dicotômicas, submetendo à unidade a pluralidade do real.

Paz utiliza-se da metáfora “pedras são plumas” para contrapor o universo literário à lógica do “isto ou aquilo”, sendo a imagem o elemento detentor da possibilidade de complementar opostos. Ao contrário da ciência que a empobrece, a realidade poética da imagem não tem o papel de aspirar à verdade, sua função não é fazer uma leitura real e sim evocar possibilidades do que poderia ser.

Segundo ele, “O sentido da imagem é a própria imagem: Não se pode dizer com outras palavras. A imagem explica-se a si mesma. Nada, exceto ela, pode dizer o que quer dizer” (Pág.47). Essa afirmação nos revela a insuficiência da dialética ao se tratar com imagens.

A importância da poesia enquanto sensibilizadora e complementadora de contrários se destacam. Afinal, por meio da imagem poética faz-se possível dizer-se o indizível, já que a imagem é uma frase em que a pluralidade de significados não desaparece.

Assim, a imagem é um recurso desesperado contra o silêncio que nos invade cada vez que tentamos exprimir a experiência do que nos rodeia e de nós mesmos.


domingo, 24 de agosto de 2008

" A Imagem" de Octavio Paz // Por Marcela Falcão


Todo poeta quando organiza palavras (matéria inerte) cria imagens próprias, que são a capacidade de ver o mundo de formas diferentes. O poeta anuncia a possibilidade do vir a ser, no âmbito da imagem tudo é possível. Em contrapartida encontramos a ciência, tida como causadora do empobrecimento do mundo com suas teorias lógicas. Os poemas não deixam de lado as particularidades de cada imagem criada, por isso distanciam-se do pensamento racional e linear dos ocidentais, do mundo em que existe uma constante busca pelo real, pelo confrontamento entre “isto e aquilo”, é uma tentativa desesperada de auto-descobrir o homem.
A linguagem carrega consigo infinitos significados que exemplificam esse pensamento da linearidade, entretanto, a imagem diz aquilo que essa linguagem não é capaz de dizer, transcendendo o comum, diz o “indizível”. Os diversos significados não desaparecem, ela reúne todos eles sem deixar nenhum de lado, criando novas existências, colocando a sua própria existência como ponto de partida, não descreve e sim coloca a nossa frente, proporciona mergulhar em nós mesmos, buscando nossos próprios sentidos. Esses sentidos então, podem ser compreendidos como a própria imagem, encerrando assim o princípio de que ela mesma se explica. Porém, o homem oferece resistência a esse mergulho, porque ainda não possui a capacidade de aguçar sua sensibilidade poética a fim de não se restringir à incessante busca por sentidos para tudo que o rodeia.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

"A Imagem" de Octavio Paz // Por Tailane Marques

O texto “A Imagem” de Octavio Paz discute a imagem e suas diversas significações, podendo ser ela definida como vulto ou representação, real ou irreal tratando-se da imaginação, e usada para designar toda forma verbal, frase ou conjunto de frase que o poeta diz e que unidas compõem um poema.
Usando plumas e pedras como exemplo, Octavio explica que a imagem submete-se á unidade da pluralidade do real, aproximando entre si, realidades opostas. Onde duas coisas distintas perdem sua total qualidade e autonomia, devido à operação unificadora da ciência, que as mutila e empobrece-as. Já na poesia isso não ocorre devido a total liberdade do poeta para anunciar a contrariedade de identidade, buscando na dialética, uma forma de explicar um raciocínio que a lógica não explica. No âmbito da poesia, tudo pode ser e não ser ao mesmo tempo.
Ainda se tratando do ser e não ser, Octavio cita o ocidente com sua forma de visão mais nítida das coisas, onde o ser não pode ser o não-ser e o oriente que não se firma “no isto ou aquilo”, e não sofreu com esse horror do que é e não é ao mesmo tempo.
Finalizando Octavio explica que a imagem nos convida a recriá-la e a revivê-la e que nela o homem é convertido em imagem, isto é, em espaço onde os contrários se fundem.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Comentário do texto "A Imagem" de Octavio Paz // Por Larissa Sobral



Octavio Paz em seu texto, coloca em questão a multiplicidade da palavra imagem, podendo ser real ou imaginária, ela se torna algo muito mais que uma representação visual de um objeto, constituindo um modo próprio de pensar. O autor afirma que qualquer objeto que tenha uma pluralidade de qualidade, essa tal pluralidade se resume numa só no exato momento da percepção, quando passamos a reconhecer o objeto. Decerto todas as coisas possuem um sentido, sendo ele o elemento unificador da diversidade de qualidade e formas. Quando se fala de sentido da imagem a reflexão é mais profunda, pois é um caso a parte, o sentido da imagem é a própria imagem, é algo indizível, não existindo diferença entre sentido e imagem, ela se auto-explica, a imagem vai além do conceito adquirido ou gerado pelos humanos, ela não precisa de explicações, ela basta por si só, meche com o lado imaginário e sentimental de quem a observa, fazendo mergulhar num conjunto de idéias inexplicáveis, a fim de entender os sentidos paradoxais existentes. “A imagem não explica: convida-nos a recriá-la e, literalmente, a revivê-la” (Octavio Paz, 2005, pag. 50), conforme o texto, no incrível mundo da poesia e da imagem, podemos tudo, até mesmo ser e não ser ao mesmo tempo.

Comentário ao texto de Octavio Paz // Por: Laiz Dias


Paz, Otávio. Signos em rotação. São Paulo: Perspectiva, 2005, 37-50 p.

Considerada como a cifra da condição humana, a imagem é o tema central do texto desenvolvido por Octavio Paz. Ele afirma que toda imagem aproxima ou conjuga realidades opostas, indiferentes ou distanciadas entre si. E coloca em debate a linha de pensamento oriental e ocidental, para que todos possam enxergar os contextos em que as diversas origens de interpretações sobre determinadas imagens possam ser encontradas.
De acordo com Octavio Paz, a imagem diz o indizível, ou seja, enquanto a linguagem tende a seguir uma direção mais limitada e que exprime o absoluto, ela não possui a capacidade de representar exatamente o que uma determinada imagem quer transcender. Isso porque, a imagem é uma frase em que a pluralidade de significados não desaparece. A imagem recolhe e exalta todos os valores das palavras, sem excluir os significados primários e secundários, o que é mais difícil na linguagem. “As orações e frases são meios. A imagem não é meio; É sustentada em sim mesmo, ela é seu sentido.” p.48
Pensamentos como esses que explicam a natureza da imagem poética e sua relação com pensamento oriental. Nas doutrinas orientais, reiteram que a oposição entre isto e aquilo é, simultaneamente, relativa e necessária, mas que há um momento em que cessa a inimizade entre os termos que nos aparecem excludente, e o verdadeiro sábio seria aquele que despreza o isto e o aquilo, e pedras e plumas se fundem.