sábado, 1 de novembro de 2008

Resenha crítica sobre o filme "Arquitetura da Destruição", de Peter Cohen

Grupo: Ingrid Bárbara, Larissa Sobral, Laiz Dias, Marcela Falcão e Tailane Marques
A partir de um vasto arsenal de imagens arquivadas, o documentário “Arquitetura da Destruição” (COHEN, Peter 1992) revela uma desconhecida face do nazismo: aquela que colocava a arte como elemento determinante da grandeza de uma época, de um regime e de um povo, para fins políticos e decisões do Estado, como ponto principal para definir o destino do Homem. O líder desse movimento, Adolf Hitler, era um apaixonado por expressões artísticas, sua obsessão pela arte, pelo ideal de beleza, pela perfeição, era estampada nos corpos e nos desfiles militares, exemplificando a articulação entre o ideal estético nazista e a perseguição aos judeus, porém não obteve muito sucesso como produtor artístico sendo considerando assim um artista e não um governante, basicamente um pintor frustrado que sonha em ser arquiteto. Sendo um adorador de Richard Wagner, ele começou a traçar seus primeiros planos para o futuro da Alemanha, dentre eles o de transformar a cidade Linz em um belíssimo centro cultural.
Para tanto, ele detinha uma profunda admiração pela antiguidade, pela estética perfeita das artes greco-romanas, a sua predileção pela arquitetura faraônica é exposta como fonte de inspiração para a formulação e desenvolvimento do regime e dos ideais nazistas (grande uso publicitário, embelezamento do mundo, criação de um novo homem). A fim de alcançar este objetivo Hitler não mediu esforços. Primeiramente, a arte passou a ter critérios raciais de produção e apreciação, pois para ser considerada arte não bastava ser criada dentro da Alemanha, mas também ser obra de alemães. Foram inaugurados espaços como os museus, por exemplo, reunindo variadas formas artísticas, materializando anseios sociais do ser humano. Portanto, o museu é gerador de tendências, mudanças e ideologias, visto que “o grande líder” tinha aversão às artes modernas como o cubismo, o dadaísmo, considerando-as de mau gosto, degeneradas, semelhantes às deformações das pessoas deficientes físicas e mentais.
Essa classe de pessoas também sofreu forte perseguição e eliminação assim como os judeus. Tudo isso se revelava parte do processo de purificação, não só da raça, mas de toda a cultura alemã, mostrando o processo de extermínio, sobre a construção e a queda do nazismo para sustentar a tese da sua inspiração estética. Para tanto, a dizimação étnica, confiscos, eutanásia e eliminações por envenenamento foram meios utilizados com finalidade de banir o que Hitler e seus seguidores consideravam uma ameaça contra a saúde do “corpo do povo”. Ele fez da arte (arquitetura, cinema e artes plásticas) assim, ferramenta que serviria para reforçar o orgulho de ser ariano. Manifesta-se aqui a interface entre a arte e a ciência, com o aparecimento do papel dos médicos nazistas que, por sua vez, não exerciam papel fundamental de preservação à vida e sim, da estética, a eles cabia o trabalho de eliminar as raças que impediriam a higienização tão sonhada por Adolf. Criou-se para facilitar essa dizimação, um programa de assassinatos por gás letal, o Programa T4, um verdadeiro instrumento para o “embelezamento”.
Aprofundava-se, portanto no mundo, o ideal da estetização, possuidor de raízes ainda hoje no mundo contemporâneo. Um exemplo disso pode ser observado com o movimento neonazista, que age sobre a égide dos princípios do eterno Führer alemão, Adolf Hitler.
“Também não foi um projeto de um homem só ou de meia dúzia de homens, contou com o apoio da população alemã; a prova disso é que, ao contrário do que diz o narrador, não "perdeu completamente o seu ímpeto", continua existindo em consistentes movimentos neonazistas.”