terça-feira, 2 de setembro de 2008

"A Imagem" de Octavio Paz // Por Ingrid Bárbara

Octavio Paz enfatiza o conceito de imagem salientando o valor polissêmico que possui e o poder que ela tem de transpor barreiras entre realidades dicotômicas, submetendo à unidade a pluralidade do real.

Paz utiliza-se da metáfora “pedras são plumas” para contrapor o universo literário à lógica do “isto ou aquilo”, sendo a imagem o elemento detentor da possibilidade de complementar opostos. Ao contrário da ciência que a empobrece, a realidade poética da imagem não tem o papel de aspirar à verdade, sua função não é fazer uma leitura real e sim evocar possibilidades do que poderia ser.

Segundo ele, “O sentido da imagem é a própria imagem: Não se pode dizer com outras palavras. A imagem explica-se a si mesma. Nada, exceto ela, pode dizer o que quer dizer” (Pág.47). Essa afirmação nos revela a insuficiência da dialética ao se tratar com imagens.

A importância da poesia enquanto sensibilizadora e complementadora de contrários se destacam. Afinal, por meio da imagem poética faz-se possível dizer-se o indizível, já que a imagem é uma frase em que a pluralidade de significados não desaparece.

Assim, a imagem é um recurso desesperado contra o silêncio que nos invade cada vez que tentamos exprimir a experiência do que nos rodeia e de nós mesmos.


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