domingo, 24 de agosto de 2008

" A Imagem" de Octavio Paz // Por Marcela Falcão


Todo poeta quando organiza palavras (matéria inerte) cria imagens próprias, que são a capacidade de ver o mundo de formas diferentes. O poeta anuncia a possibilidade do vir a ser, no âmbito da imagem tudo é possível. Em contrapartida encontramos a ciência, tida como causadora do empobrecimento do mundo com suas teorias lógicas. Os poemas não deixam de lado as particularidades de cada imagem criada, por isso distanciam-se do pensamento racional e linear dos ocidentais, do mundo em que existe uma constante busca pelo real, pelo confrontamento entre “isto e aquilo”, é uma tentativa desesperada de auto-descobrir o homem.
A linguagem carrega consigo infinitos significados que exemplificam esse pensamento da linearidade, entretanto, a imagem diz aquilo que essa linguagem não é capaz de dizer, transcendendo o comum, diz o “indizível”. Os diversos significados não desaparecem, ela reúne todos eles sem deixar nenhum de lado, criando novas existências, colocando a sua própria existência como ponto de partida, não descreve e sim coloca a nossa frente, proporciona mergulhar em nós mesmos, buscando nossos próprios sentidos. Esses sentidos então, podem ser compreendidos como a própria imagem, encerrando assim o princípio de que ela mesma se explica. Porém, o homem oferece resistência a esse mergulho, porque ainda não possui a capacidade de aguçar sua sensibilidade poética a fim de não se restringir à incessante busca por sentidos para tudo que o rodeia.

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