segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Contraponto crítico entre os textos da Folha de São Paulo e o de Carlo Ginzburg - Ticiano, Ovídio e Os Códigos da Figuração Erótica no séc. XVI.

Por : LAIZ DIAS

Na atualidade, vivemos em um contexto social que aparentemente os princípios liberais são elevados como grandes companheiros da nossa sociedade. Aparentemente, pois no cotidiano vemos noticiários que esbarram de encontro com essa questão. Recentemente, saiu uma notícia polêmica sobre a demissão de um professor–poeta de um colégio secundário particular da zona sul (RJ), por ter publicado, no seu blog, um conjunto de poemas eróticos. A medida foi tomada pela instituição ante a reclamação de pais de alunos, que acharam que escrever poemas eróticos não é tarefa para um professor de seus filhos.
Ora, como essa questão pode ser cabível para uma sociedade que se diz liberal? Para um colégio que se diz que funciona sob o lema "Uma escola que estimula a expansão cultural"? Todo esse aspecto nos remete ao século XVI, momento histórico em que ocorreu uma erupção dos poemas e pinturas eróticas (obras de Ticiano, Rafael Sanzio, Aretino, entre outros). As repercussões polêmicas e de proibição que tais obras exercidas naquela sociedade eram fomentadas pela Igreja que obtinham o controle sobre a vida social, promovendo a censura.
Nos dias atuais, vemos que obras como essas do século XVI e XVII, na nossa visão não possuem tanto esse aspecto erótico, e sim é visto como algo clássico e histórico. O professor demitido criou poemas à moda de Aretino, como qualquer artista autônomo em uma dita sociedade “liberal”, recém-saída de uma ditadura, poderia fazer sem repressão. Porém, não foi isso que aconteceu, como vimos resultou em demissão. O ocorrido soa estranho na nossa sociedade brasileira, que por sinal é um Estado laico. E enquanto aos pais, se querem realmente proteger os filhos de conteúdos obscenos vão ter que colocar vendas nos olhos e tampões nos ouvidos dos seus descendentes, pois o convívio com erotismo na sociedade atual torna-se impossível o desvinculo, ele está em toda a parte TV, rádios, livros, revistas, conversas, filmes, e por aí vai.

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