terça-feira, 14 de outubro de 2008

Contraponto crítico entre os textos da Folha de São Paulo e o de Carlo Ginzburg - Ticiano, Ovídio e Os Códigos da Figuração Erótica no séc. XVI.

Por: Larissa Sobral



A notícia que saiu recentemente na Folha de São Paulo que nos faz refletir sobre a noção de liberdade de expressão é de causar surpresa, o professor Oswaldo Martins Teixeira que ensinava em uma escola particular do Rio de Janeiro foi demitido por publicar em seu blog poemas eróticos, a escola foi pressionada por pais de alunos que descobriram essas publicações, o professor-poeta que estuda o erotismo há algum tempo foi vítima de uma arbitrariedade. O fato ocorrido no início do mês de setembro vem reacender uma questão tão antiga quanto a literatura, a natureza do erotismo. É lamentável perceber que mesmo após o período da ditadura, ainda encontramos atitudes como essas, ou seja, vivemos hoje numa ditadura camuflada. Podemos relacionar essa questão ao texto de Carlos Ginzburg “Ticiano, Ovídio e os códigos da figuração erótica no século XVI” que trata basicamente do erotismo imagético, o erotismo como transgressão, libertação do qual o homem se aproveita para exprimir suas fantasias, que quase sempre foi motivo de preocupação em alguns segmentos sociais. Assim como Teixeira (nesta situação), naquela época Ticiano era visto como vulgar por causa de suas obras eróticas e era contestado principalmente pelo poderio da igreja católica, aquele período comparando aos dias atuais era mais fácil de controlar, pois o século XVI não tinha a infinita possibilidade de divulgação existente na contemporaneidade através de diversos sites da internet, TV, rádio, revistas, jornais, entre outros, o erotismo está acessível para qualquer pessoa a todo o momento, seja ele disfarçadamente ou explícito. Este episódio nos faz ver a força do mundo capitalista, no qual a escola preferiu atender as objeções de um grupo de pais do que defender seu próprio lema “Uma escola que estimula a expansão cultural”.

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